sábado, 20 de junho de 2009

Sobre a obra "Lucíola"


A obra que nós escolhemos para apresentar é Lucíola, cujo autor é José de Alencar. É um romance urbano, publicado em 1862, que aborda o amor como tema central, ou seja, a situação social e familiar da mulher, em face do casamento e do amor. É o romance da bela Lúcia, a mais rica e cobiçada cortesã carioca e Paulo, um jovem modesto e frágil. Um romance que sacode a corte e provoca um excitado burburinho na sociedade. De um lado, a mulher que, sendo de todos, jurava não prender-se a nenhum homem, de outro um homem em dúvida entre o amor e o preconceito. Quando ambos se conhecem, um sentimento impensável começa a brotar.


O cenário ou ambiente onde se desenrola a ação é o Rio de Janeiro. Há referências de seus bairros (Santa Teresa), ruas (das Mangueiras), população, festas (a da Glória), teatros, lojas elegantes, etc. Lucíola ocorre a partir de 1855. Como tempo narrativo, é um romance eminentemente "cronológico". Ou seja, em Lucíola os acontecimentos se sucedem numa ordem quase normal, com uma seqüência natural de horas, dias, meses, anos. Só há um momento em que o fluxo narrativo retroage: quando Lúcia narra a Paulo seu passado.


Os personagens principais são Lúcia e Paulo.
Lúcia – como cortesã era a mais depravada . Coexistem nela duas pessoas: Maria da Glória, a menina inocente, simples, meiga, semelhante a um anjo, e Lúcia, a cortesã sedutora e caprichosa, que parecia mais um demônio. À proporção que Lúcia vai amando e sendo amada por Paulo, ela vai assumindo a Maria da Glória, sua verdadeira personalidade.
Paulo - um provinciano de Pernambuco, 25 anos, que veio tentar se estabelecer no Rio de Janeiro, que é o narrador da história. Com o seu espírito observador e sensível, foi o único a compreender o estranho caráter de Lúcia. Seu temperamento é reservado sem ser tímido. É um ingênuo personagem romântico. Apesar de se declarar pobre e até se vexar por isso, vive byronicamente, de sonhos, de amor.
Os demais personagens, como Dr. Sá, Ana, Couto, Rochinha, Laura, Nina, Jesuína e Jacinto são personagens secundários.


*************** ANALISANDO*******************


Esse romance possui muitas características do Romantismo. Entre essas características, podemos citar: subjetivismo, onde o mundo do romântico gira em torno de seu "eu": do que ele sente, do que ele pensa, do que ele quer, pois é um romance em primeira pessoa; exaltação do amor alheio às convenções sociais, feito de sacrifício e, às vezes, de heroísmos, sendo como uma força purificadora, capaz de transformar uma prostituta numa amante sincera e fiel; sentimentalismo melancólico que se define como uma atmosfera onde o romântico é, acima de tudo, um sentimental; ilogismo, onde ocorrem inúmeros paradoxos: o comportamento ora excêntrico ora dúbio de Lúcia, ora virtuoso, ora pecaminoso que vai lançando Paulo numa dúvida angustiante; e, por fim, o amor e a morte - Diante da impossibilidade de realização de um amor puro, só resta a Lúcia, como personagem de um romance genuinamente romântico, uma saída: a morte.


Em relação à atualidade, a obra Lucíola trabalha com dois temas marcantes: a prostituição e o preconceito. Lucíola é, portanto, uma denúncia à mesquinhez da sociedade que julga as prostitutas como mulheres impuras, mas delas usufruem em benefício próprio, continuando a sustentar a classe, no momento em que são pagas pelos “serviços prestados”. Ao denunciar os sentimentos cruéis que a sociedade tem para com as prostitutas, José de Alencar cria um dos seus primeiros “perfis de mulher”, do qual Lúcia é com certeza um perfil de mulher tipicamente alencariano que vive o misto entre o amor puro e a libertinagem, ou seja, entre o modelo romântico e o modelo realista. É a submissão do amor romântico, onde a castidade é valorizada. Percebe-se também uma crítica social e moral ao preconceito. O romance causou comentários na sociedade. Paulo se viu dividido entre o amor e o preconceito. A atração física superou essa barreira, mas até o final ela se sentia indigna do amor de Paulo e do sentimento de igualdade que deveria existir entre os amantes.